Um crime covarde e que vem se repetindo ano após ano em Imbituba é o envenenamento de animais, na sua maioria cães, na região Norte de Imbituba, principalmente na Barra de Ibiraquera, antes dos inícios de temporada de verão.

A maioria das vítimas são cachorros que vivem na rua e são cuidados pela comunidade, mas cães que passeiam com seus donos também vem sendo mortos com os envenenamentos.   

Preocupados com o número de casos cada vez mais frequentes, moradores de Ibiraquera, Arroio e Barra de Ibiraquera resolveram, além de denunciar às autoridades policiais, se organizar para troca de informações e ações com vistas a tentar identificar o criminoso ou criminosos se utilizam dessa prática cruel contra animais indefesos e que morrem indistintamente após ingerir alimentos envenenados colocados estrategicamente no entorno de lixeiras.   

Segundo os defensores da causa animal, essa prática hedionda vem acontecendo há pelo menos 10 anos, sendo utilizados os produtos estricnina e chumbinho para a matança e sempre nesta mesma época, às vésperas de cada período de veraneio. 

No mês de abril de 2020 vários cachorros, gatos, coelhos e até um cavalo foram envenenados na Praia do Luz, veneno forte que levou ao óbito de vários animais. Porém, não parou por aí, em junho de 2020 o episódio voltou a acontecer nos bairros da Barra de Ibiraquera e Arroio, onde foram registrados mais de 40 óbitos. Neste ano, novamente, mais casos de animais envenenados na região da Praia de Ibiraquera, Praia do Luz e na estrada do Vale no Bairro de Ibiraquera. Ao menos 25 cães que possuem tutores foram envenenados, alguns deles chegaram a óbito.

Segundo um morador da Barra de Ibiraquera, que teve seu cão assassinado em 2020, um áudio foi vazado no WhatsApp, de um homem, que foi identificado pelos moradores locais. No áudio, ele falava que "tinham muitos cães na praia e que iriam dar um jeito". Dias depois, ocorreu a chacina daquele ano. O suspeito teria sido intimado várias vezes a prestar depoimento e nunca teria se apresentado para os esclarecimentos.

Para tentar identificar o ou os autores, tutores de animais das comunidades envolvidas têm se organizado, registrando as ocorrências na Delegacia de Polícia Civil, reunindo exames e laudos realizados em clínicas veterinárias quando do atendimento dos animais vitimados e coletando informações nas comunidades, todas ações com o objetivo de reunir provas que possam levar a identificação dos responsáveis que permanecem anônimos e impunes.   

Em meados deste mês de setembro aconteceram os primeiros casos de envenenamento do ano, um na Estrada Geral da Ibiraquera e outro na Estrada do Vale. No último final de semana (17 e 18 de setembro), mais casos similares foram registrados.   

Segundo levantamento realizado pelas comunidades, já são mais de 15 vítimas de envenenamento até agora; infelizmente, nem todos os casos foram registrados via Boletim de Ocorrência.  Esses dados preocupantes foram levados à Delegacia de Polícia Civil de Imbituba na tarde desta segunda-feira (19).  

Um abaixo-assinado contra o envenenamento de cães e gatos em Imbituba foi lançado em 2020 na plataforma digital AVAAZ.org  e já conta com 3.075 assinaturas com a expectativa de chegar a 5 mil, para chamar à atenção das autoridades para que tomem as devidas providências, achem os culpados e os fornecedores de veneno, para que isso nunca mais ocorra. 

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O vereador Bruno Pacheco (PSB), envolvido na luta pela causa animal, e a advogada Marina Castelan da Silva, que é uma das tutoras que atua no esforço de identificar o criminoso ou criminosos, foram recebidos pelos delegados Juliano Baesso e Nicola Patel, da Delegacia de Polícia da Comarcade (DPCo) de Imbituba. 

O objetivo da reunião foi buscar orientações e informações sobre as investigações dos casos registrados via Boletim de Ocorrência (B.O.) e levar informações atualizadas sobre os novos casos que estão preocupando, e muito, as defensoras e moradoras das comunidades atingidas.  

Os delegados ouviram atentamente os relatos do vereador e da advogada e, em seguida, a reunião passou a tratar sobre os próximos passos a serem dados em direção à identificação do ou dos autores dessa crueldade que vem sendo cometida no município de Imbituba.  

Um dado importante deve ajudar e muito nas investigações: um exame toxicológico está sendo realizado, com base em amostras coletadas no fígado de um dos animais que morreram após ingerirem o que se acredita ser veneno durante um passeio. O laudo do exame assim que divulgado elucidará que tipo de veneno está sendo usado. Imagens dois locais onde ocorreram os envenenamentos também estão sendo analisados pelos agentes que investigam os crimes.  

“É muito triste ter que lidar com esse tipo de situação, como se não bastasse a luta contra o abandono e maus-tratos e o esforço para que nossos cães e gatos sejam adotados por famílias e pessoas responsáveis, agora lidamos com gente sem princípios e sem caráter; legítimos criminosos que se sentem incomodados e acham que a solução é assassinar animais indefesos que ingerem os alimentos por puro instinto”, declarou o vereador Bruno, após o encontro. 

Os delegados Baesso e Patel reforçaram a importância de manter sigilo sobre as informações ou pistas que por ventura chegarem ao conhecimento das defensoras para que as informações ou pistas possam ser primeiramente investigadas pela polícia.