A politização da miséria é um fenômeno que tem sido explorado na história política do Brasil, muitas vezes de forma repugnante.

Por muitos anos, a seca nordestina foi usada para subsistência política de muitos políticos brasileiros. Ao mesmo tempo que a falta de chuvas  secava açudes, rachava chão, dizimava animais e submetia a população a mais degradante situação de pobreza, concomitantemente também abria espaços para o assistencialismo. 

Segundo pesquisadores, a seca no nordeste deriva de fatores naturais, históricos e  políticos. 

A transposição do Rio São Francisco tirado do papel em 2007 reverteu, em parte, o panorama do semiárido, permitindo a redenção do campo através de processo irrigatório.  

Com menos intensidade, mas ainda presente no sertão, a chegada do líquido precioso a milhares sertanejos, em muitas cidades, por  determinados períodos, continua na dependência de pipas.  Dizem as más línguas que  "arrumações"  envolvendo políticos e mercadores de água - fecham açudes e liberam pipas que abastecem cisternas.

Surgem perguntas intrigantes, entre elas, essa: "Onde esses pipas conseguem água"?  Não se sabe!  Mas a única certeza que se tem, segundo a interpretação majoritária do Apocalipse, é que todos os males da terra terão  fim quando cumprir o capítulo 21 do livro em referência, por conseguinte,  o fim do governo humano.

Enquanto o extraordinário não acontece, o mundo vai ter que conviver com os abutres que se alimentam da miséria do povo.

A seca sempre foi tema presente nas páginas da imprensa brasileira, mas  desta vez o assunto não é seca, nem Nordeste, mas as águas no Sul.

Alexandre Garcia, experiente jornalista conhecido por qualidades quase ímpares, não vigiou e faltou com a verdade,  mentiu, fazendo Fake News, inclusive mal feita.  É sabido que Garcia ganhou dinheiro com informações falsas sobre a pandemia em seu canal do YouTube.  

O poder de uma mentira,  por sua vez, inventada por um indivíduo comum é insignificante em comparação com a influência de uma falsa notícia engendrada por alguém com a visibilidade de Alexandre Garcia.

Garcia afirmou que a destruição do Rio Grande do Sul teria sido provocada pela abertura das comportas das barragens construídas no governo PT, supostamente autorizada pelo governo federal.  

A fala do jornalista fez a AGU acionar a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia para imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista.                  

Alexandre lê o direito de resposta  no programa “Oeste Sem Filtro”, da Revista Oeste, onde  trabalha, inclusive, informando que as usinas a que se referiu, são de vertedouro de soleira livre, do tipo que não possuem comportas.  

Comer o próprio vômito, deve ser horrível, mas esse incidente destaca a importância da responsabilidade na disseminação de informações e o perigo das "fake news" em nossa sociedade.  

A politização da miséria, como demonstrado por esse caso, não apenas distorce a realidade, mas também mina a confiança na mídia e na política como um todo. Portanto, é fundamental que todos nós, como cidadãos, exerçamos um pensamento crítico e busquemos fontes confiáveis de informação para evitar cair na armadilha da politização da miséria.