Grandão foi o nome que recebeu da equipe do Centro de Bem Estar Animal quando chegou, resgatado das ruas do bairro Nova Brasília, região Oeste de Imbituba, possivelmente abandonado pelos seus antigos tutores, com uma enorme ferida, infeccionada, na região da cauda.

O cão, de porte grande, doente e sobrevivendo nas ruas não representa apenas um caso isolado, mas sim a realidade de inúmeros outros animais que diariamente são jogados à sorte no município.

Muitos não sobrevivem, muitos encontram um destino ainda mais cruel do que o abandono. Outros, como o Grandão, conseguem chegar ao Centro ou a outros locais de socorro pelas mãos de protetoras e defensores da causa animal e recebem tratamento, alimento, proteção e amor.

Grandão foi entregue ao CBEA de Imbituba há cerca de 8 meses, e encantou a todos.

O médico veterinário Emanoel Matos, responsável técnico pelo Centro de Bem Estar Animal, conta que a situação era de emergência, pois o cão apresentava “uma ferida profunda e com presença de bicheira na região caudal”.

Tão logo chegou, Grandão passou por cirurgia, foi tratado e teve início a sua recuperação sob a tutela de toda a equipe do CBEA e com parte das despesas custeadas por protetoras independentes. Durante o tratamento, ele ficou em um lar temporário até que estivesse plenamente recuperado.

Criou-se então um outro desafio: encontrar uma família que o adotasse.

Toda essa envolvente história tem como pano de fundo as políticas públicas necessárias, voltadas à saúde e à causa animal, na tentativa de controlar a população de cães e gatos em Imbituba que crescia de forma desordenada e preocupante naquele ano de 2019. O foco estava voltado especialmente à população de animais de rua.

O Centro de Bem Estar Animal foi idealizado a partir dessa tentativa do município de resolver o problema da superpopulação de animais de rua e com a compreensão que o desafio não era a redução dos números nas estatísticas, mas sim e também uma questão de amor a esses seres que dependem tanto da nossa humanidade. Amor esse que chegou ao Grandão.

Do início do projeto até os dias atuais foram esterilizados pelo Centro mais de 8 mil animais, objetivo primeiro do projeto.

O doutor Emanoel esclarece que, levando-se em consideração que cada animal em capacidade reprodutiva pode deixar por ano até 10 descendentes, é possível estimar o impacto significativo da política pública municipal, evitando que mais e mais animais vivessem precariamente pelas ruas do município, sofrendo, multiplicando-se descontroladamente e sem amparo.

A partir da discussão do controle populacional surgiram outros projetos importantes, sendo elaborada e aprovada legislações municipais relacionadas à proteção animal.

Entre elas, a Lei da Família Acolhedora do Bem Estar Animal, que inspirada na lei de acolhimento de crianças da Assistência Social, tem nos lares de Imbituba cerca de 90 animais amparados por aproximadamente 20 famílias. Através desse programa, o município subsidia um valor mensal por porte, e promove lar temporário para animais em recuperação, ou em qualquer outra situação de vulnerabilidade.

É aqui que o Grandão volta à cena.

Recebendo tratamento, sendo cuidado em um lar temporário e com o esforço de toda equipe do Centro e de protetoras na tentativa por uma adoção, na última semana a família ideal foi encontrada, após uma procura que se estendeu por meses.

Grandão agora mora no bairro Mirim e não só encontrou um endereço onde será cuidado e amado, como mudou de identidade: chama-se agora Simba.