Iris Rezende e Manguito Villela sem dúvida, se destacaram como os mais notáveis políticos de Goiás. Iris Rezende foi dono de um comprometimento único e inabalável com a população goiana, se tornando um ícone na política do estado.

Desde cedo, ele estabeleceu um padrão de dedicação ao povo, iniciando suas manhãs ao lado dos feirantes, compartilhando conversas e ouvindo suas preocupações. Essa proximidade genuína demonstrava sua sincera preocupação com as necessidades daqueles a quem servia.

Iris Rezende teve carreira política brilhante: começou como vereador de Goiânia em 1958 pelo PTB. Em 1963, foi o deputado estadual mais votado de Goiás pelo PSD. Em 1965 Iris elegeu-se prefeito de Goiânia numa disputa  intensa contra o candidato do governo militar presidente general Castello Branco, que na época, apoiava Juca Ludovico.

Iris marcou a sua gestão na prefeitura com mutirões para construção de casas populares. Ele próprio metia a mão na massa, tornando-se cada vez mais público pela simplicidade e vontade de realizar o desejo do povo. 

Popular, trabalhador, inteligente e sensível às questões sociais, Iris tirava o sono dos adversários. Convidado a filiar-se na Arena, não quis. A negativa lhe rendeu perseguição e resultou na cassação de seu mandato e a perda de seus direitos políticos por dez anos. 
Cassado em 1969, ficou ausente da vida pública até a reabertura política promovida pelos governos Geisel e Figueiredo.

Perdoado sem pecado, anistiado sem crime, seus direitos políticos foram restabelecidos em 1979, quando filiou-se ao MDB. Indicado para disputar o governo do estado em 1982 contra Otávio Lage, ganhou disparado e se perpetuou em Goiás,  repetindo, por sua vez, os mutirões de casas populares de quando foi prefeito, tornando-se  notável Brasil afora por esse feito. Em um único dia 1.000 casas construídas - uma ação de grandeza singular.

Na época eu morava no Pará e fiquei boquiaberto com tamanha proeza. Desejei vê-lo presidente da República, mas o voto ainda era indireto.  Iris conquistou fama de bom gestor das finanças – fazia bem feito e barato – custo benefício era com ele mesmo. 
Com o fim do governo militar e o início da chamada Nova República em 1985, Iris alcançou o cume da sua carreira no cenário nacional, assumindo o Ministério da Agricultura, no governo Sarney, e a pasta do Ministério da Justiça na gestão de FHC.

Sua agenda era trabalho!  Não tinha  o hábito de ir a Shoppings Centers ou espaços luxuosos da capital, vestia camisa de manga curta bem rural, levantava cedo para tomar café com pão de queijo nas feiras da cidade e papear com amigos antes do expediente.   Voltou ao governo do Estado em 1990, elegeu-se senador em 1994 e encerrou sua carreira política como prefeito de Goiânia, eleito e reeleito sem a chance para os adversários.  Aos 86 anos decidiu se aposentar da política,  falecendo em 9 de novembro de 2021, após sofrer AVC.

Iris Rezende tinha habilidade para lidar com o povo. Seu linguajar goiano era  acessível a leigos e elogiado por PHDs. Ele conciliava velhas e novas amizades com sua rotina política. Sempre atento, não deixava passar oportunidades de abraçar e trocar ideias.  Esse jeito de ser autenticava seu caráter e capacidade de conexão com as pessoas. Iris não era apenas um político habilidoso, mas também um amigo leal que entendia a importância de se manter conectado com sua base de apoio.

Tenaz e habilidoso colocava o trabalho em primeiro lugar.  Ele não apenas ouvia, mas também agia, trabalhando incansavelmente para enfrentar os desafios do estado.  Sua dedicação e compromisso moldaram um legado duradouro que continuará a inspirar futuras gerações de políticos. 
 

E agora? 2024 vem aí sem Iris e sem Manguito, claro, aquele, se vivo e já aposentado da política, não disputaria o cargo de prefeito de Goiânia, mas sua experiência e força alavancariam um nome capaz de fazer o que precisa. Sua filha Ana Paula Rezende tem cheiro de povo? Não sei!  

Iris produziu Maguito Villela que também já se foi deixando um legado que hoje está sendo labutado pelo filho Daniel Vilela que já foi deputado federal e hoje é Vice-governador de Goiás.

 Manguito Villela foi notável! Prefeito, governador e senador. Sua trajetória política foi marcada por uma gestão parecida com a do patriarca Iris Rezende, deixando marcas  indestrutíveis  que nem a borracha do tempo conseguirá apagar.

Como ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito foi extraordinário. Um dia convidado a visitar obras de Maguito com uma comitiva conduzida por ele próprio, entramos num ônibus e saímos pela cidade.

Todos, sem exceção, nos cansamos de ver tantas obras - andar, descer, subir e ouvir Maguito explicar detalhes de cada obra, foi extremamente prazeroso.  Desistimos de concluir o intento, afinal de contas 400 obras acabadas e em construção não é para qualquer um.  Conhecê-las todas em um único dia, impossível.                    

Maguito foi um fenômeno que merece destaque e respeito.  Na disputa pela prefeitura de Goiânia, adoeceu e nos deixou.  Mesmo  internado, entubado, foi eleito e empossado como prefeito, mas não resistiu, foi tragado pela COVID 19, deixando obras, saudade, marcas indeléveis, exemplo de caráter, inteligência e honestidade.

2024 sem a força de Iris e Maguito estará vazio da certeza de boa administração pública.